No dia 21 de maio de 2017, o famoso jornal The New York Times publicou um artigo escrito por dois cientistas e um jornalista sobre os danos provocados pelo consumo de produtos de origem animal, tanto em nossa saúde quanto no meio ambiente.
O início do Artigo lembrou que a produção pecuária nos EUA vem crescendo bastante desde o fim da segunda guerra, e as fazendas aumentaram muito o número de animais que elas podem criar e matar mantendo a eficiência econômica, a qual sabemos não se sustentar quando falamos em atividades insustentáveis do ponto de vista ambiental, por exemplo. Isso porque, apesar da considerável receita gerada pela pecuária, os custos dos danos ambientais são muito maiores, como noticiamos ano passado usando a situação brasileira como exemplo (relembre aqui). Isso sem falar nas despesas de saúde pública, que vêm aumentando conforme as pessoas consomem produtos de origem animal.
Além da questão econômica, e do problema ético que é aprisionar, escravizar e matar seres sencientes, já está claro que a pecuária é cada vez menos viável por motivos ambientais e de saúde. Um grande problema que podemos citar é a enorme demanda por grãos, que poderiam ser destinados à alimentação humana, mas a maioria está servindo de ração para animais que vão virar comida. Portanto, além dos impactos causados pelas fazendas onde eles crescem e são mortos, temos aqueles para plantar a comida deles. Somando tudo, o resultado é desmatamento, poluição da água, ar e solo, aquecimento global, entre outros. Coloque na conta, também, as toneladas de produtos químicos usados para manter tudo isso "rentável".
O Artigo cita um conhecido estudo da FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations) que apontou a pecuária como responsável por mais emissões de gases do efeito-estufa do que todas as formas de transporte juntas, além de outro estudo de 2014 publicado no Jornal Climatic Change, cuja conclusão foi que "mudanças dietéticas que envolvem redução de carnes e laticínios são cruciais para atingir a meta da temperatura de 2050".
No tópico "Saúde", a Ciência vem observando ao longo dos anos que os produtos de origem animal não somente são desnecessários para nós, como são responsáveis por várias doenças modernas, incluindo as cardíacas, diabetes, osteoporose, artrite, câncer, entre outras. "A enxurrada de carne e produtos lácteos de baixo custo contribuiu substancialmente para a crescente incidência de doenças crônicas", afirmou o Jornal. No início deste ano, nós escrevemos sobre um renomado estudo que apontou os alimentos de origem animal como promotores de câncer e outras doenças graves (relembre aqui).
As infecções causadas por micro-organismos surgidos em fazendas e que são transmitidas a humanos também foi abordada pelo The New York Times. Um fato alarmante é que muitas das bactérias surgidas nas fazendas se tornaram resistentes, e isso faz com que cada vez mais antibióticos sejam ingeridos junto com os produtos de origem animal, que já são nocivos por si sós.
Precisamos despertar para esta situação que afeta a todos nós. Animais não humanos estão vivendo vidas que nenhum humano desejaria. Muitas pessoas ainda ousam chamar de "bem tratados" aqueles animais criados de forma "menos cruel". Quando o sofrimento de outro ser se torna mensurável porque nos convém, vemos a que nível chegou nossa civilização, e podemos facilmente apontar o motivo pelo qual vivemos em guerra dentro de nossa própria espécie. A violência não é seletiva, embora muitos achem que sim. Ou buscamos deixar em paz quem deseja viver, sejam humanos ou não humanos, ou não teremos paz.
A frase que encerra o Artigo do The New York Times é exatamente a que estampa a imagem da nossa matéria: "Comer animais pode ter sido crucial para a nossa sobrevivência no passado. Mas agora, está nos matando."
Leia a matéria completa em inglês (acesse aqui).