A escola de samba Águia de Ouro, do Grupo Especial do Carnaval paulista, foi pra Avenida este ano com um enredo sobre amor e respeito aos animais não humanos, além de não ter usado penas, plumas e outros itens que são provenientes do sofrimento dos mesmos.
A Águia foi a última escola a ir pra Avenida na primeira noite de desfiles em São Paulo, e fez história levando ao público um tema que vem ganhando cada vez mais importância em todo o mundo, devido ao crescimento do Veganismo.
O desfile foi transmitido pela Rede Globo, com algumas menções à inovação da Escola, tendo sido destacada a ausência de itens de origem animal nas fantasias e alegorias, e de se tratar de um tema que está em evidência na Sociedade. Algumas críticas confusas foram feitas ao enredo, mas foi possível ouvir um comentário importante sobre o trecho "Picadeiro não é mata / E nem piscina é oceano", quando um dos comentaristas pediu ao outro para explicá-lo, e acabou ele mesmo explicando que "é por que o bicho não é pra ficar preso". O trecho em questão é uma crítica ao uso de animais em circos e parques aquáticos.
Nas várias alas de seu desfile, a Escola abordou temas como a relação de moradores de rua com os cães, e os problemas dos testes em animais, carroças, circos, parques aquáticos, touradas e outras atividades que exploram os animais não humanos.
O carro onde estava Luisa Mell, embaixadora do samba enredo e responsável por convencer a Escola a não usar itens de origem animal, recebeu o nome de "O Holocausto Animal - E o Circo Legal". A palavra "Holocausto" é muito usada pelo movimento vegano para descrever a situação de terror que bilhões de animais não humanos enfrentam todos os dias e que foi imposta por humanos, mas isso costuma ser motivo de críticas, devido ao fato da palavra ser considerada uma referência à perseguição e extermínio de judeus pelo regime nazista. No entanto, trata-se de uma palavra oriunda do idioma grego que significa "todo queimado", e é usada para definir um tipo de sacrifício religioso de animais bastante comum na antiguidade.
A Águia de Ouro homenageou também animais como o Gorila Harambe, morto em um zoológico nos EUA quando um menino caiu em seu recinto (relembre aqui), a Onça Juma, morta ao tentar avançar em um soldado após uma cerimônia referente às Olimpíadas do Rio (relembre aqui), e a Orca Tilikum, que morreu recentemente no SeaWorld (relembre aqui).
Foram feitas, ainda, homenagens a animais conhecidos do cinema e usados nas forças armadas, sendo pontos que renderam críticas ao desfile, já que o movimento pela libertação animal busca permitir aos animais não humanos uma vida para seus próprios propósitos, não fazendo por eles escolhas convenientes para a humanidade. Contudo, a Águia de Ouro certamente representou a mudança de consciência que todos estamos percebendo no mundo.
Para encerrar, deixamos uma frase de Luisa Mell em uma entrevista concedida à revista Quem (confira na íntegra) pouco depois do desfile: "Espero que olhem os animais com mais compaixão, com mais solidariedade, porque os animais são massacrados. A gente vê que o carnaval sem crueldade, sem culpa, foi um carnaval maravilhoso e dá sim para fazer sem maltratar nenhum animal. Espero que tenha sido um desfile histórico para o carnaval e para a proteção animal do país.”
Atualização 26/02/17 17:36: O UOL criou duas enquetes pra saber a opinião do público. Acesse e vote na Águia de Ouro: Qual foi a melhor escola na primeira noite de desfiles em SP? e Qual foi a melhor escola do Carnaval de São Paulo? Até o momento desta atualização, a Águia de Ouro está na frente na primeira e muito atrás na segunda.