Foto: Montagem a partir de Facebook / Captain Paul Watson
O Capitão Paul Watson, fundador da ONG de conservação marinha Sea Shepherd e ex-membro do Greenpeace, em um artigo escrito para o The Huffington Post, no mês de maio deste ano, mandou um recado para todas as pessoas que se intitulam ambientalistas e financiam a exploração animal, ao recomendar que o Greenpeace se torne uma ONG vegana.
No artigo, Paul citou a seguinte pergunta feita em uma página do projeto Greenpeace Esperanza no Facebook: "Nós deveríamos comer carne a bordo dos navios do Greenpeace? Deixe-nos saber o que você pensa." Após centenas de comentários, muitos dos quais criticando o ato de comer carne a bordo dos navios, a ONG respondeu:
"Olá pessoal! Obrigado a todos que usaram seu tempo para avaliar esta importante questão. Ainda estamos examinando todos os seus comentários, mas queremos agradecer por fazer parte desta conversa. Nós na Espy realmente apreciamos este feedback de tanta gente! O Greenpeace está constantemente revisando as políticas internas em torno de questões como a carne, e realmente valorizamos ouvir diretamente de pessoas que apoiam o Greenpeace. Obrigado!"
Em seguida, o Capitão disse estar surpreso pelo fato do Greenpeace fazer esta pergunta ao público, e disse gostar de saber que a ONG está constantemente revisando as políticas internas, mas não perdeu a chance de alfinetar: "A revisão desta "questão" vem acontecendo desde 1978. Lá se vão 40 anos revisando constantemente a ética de consumir carne e produtos animais.", disse ele.
Paul lembrou que, como um co-fundador do Greenpeace, tentou promover o Vegetarianismo nos navios da ONG em 1976, mas recebeu apenas olhares sarcásticos. Segundo ele, este foi um dos motivos que o levaram a fundar a Sea Shepherd, e instituir uma política pelo Vegetarianismo em 1978, quando equipou seu primeiro navio. "Nós mudamos esta política em 1998, quando os navios foram convertidos ao Veganismo.", afirmou o Capitão.
Quando um navio do Greenpeace e outro da Sea Shepherd se encontraram em uma ação na África do Sul, Paul lembrou que alguns de seus colaboradores foram convidados para jantar no navio do GP, e ficaram chocados ao verem o que estava sendo servido: "eles estavam servindo peixe em um jantar na véspera de uma campanha de proteção aos peixes.", problematizou o Capitão.
É realmente uma enorme contradição defender o meio ambiente e não se posicionar contra a exploração animal e especialmente contra a Pecuária, que é uma das atividades mais devastadoras para o meio ambiente. Sobre isso, Paul também deixou um recado que normalmente toca na ferida de quem se diz ambientalista e não é vegano: "Você não pode realmente ser um ambientalista se consome produtos de origem animal.", frisou o Capitão.
Paul também fez questão de lembrar de alguns fatos relacionados aos impactos da Pecuária, como, por exemplo, o dela ser a maior responsável pela poluição de lençóis freáticos e zonas mortas nos oceanos, e que cerca de 40% dos peixes capturados pela pesca comercial são destinados à alimentação de animais em fazendas, na forma de farinha de peixe.
O Capitão fechou o artigo com o seguinte recado:
"Quando a Sea Shepherd salva uma baleia ou uma foca, uma tartaruga ou um tubarão, queremos fazê-lo sem sacrificar a vida de outro animal. Caso contrário, a contradição é excepcionalmente perturbadora, a não ser que se queira deliberadamente negar a hipocrisia da situação.
Portanto, como co-fundador do Greenpeace, minha mensagem para o Greenpeace hoje é simples: Lá se vai um longo tempo revendo esta questão importante, um tempo realmente longo. Quando será tomada a decisão de mudar esta política? Ou este processo de revisão interna está condenado à eterna revisão e negação contínua?
O Greenpeace precisa converter seus navios ao Veganismo, ou pelo menos ao Vegetarianismo.
A pergunta é, eles o farão?"
O Capitão sabe que a escolha mais coerente para quem realmente se preocupa com o meio ambiente, que inclui todos os animais humanos e não humanos, é o Veganismo. O Vegetarianismo normalmente é um primeiro passo para pessoas mais resistentes à mudança imediata. Entretanto, para conseguir adotar o Veganismo sem uma fase de transição, é preciso se colocar no lugar das vítimas. As indústrias de leite e derivados, ovos, mel, peles, testes em animais, entre outras, podem ser tão ou mais cruéis que a da carne. Pergunte-se: "será que é mais difícil pra mim adotar o Veganismo agora, ou para os outros animais eu demorar a adotá-lo?"
Se você quer saber mais sobre os impactos ambientais da Pecuária, nós escrevemos um artigo a respeito no último Dia Mundial do Meio Ambiente (acesse aqui).